O OLHAR DIANTE DA SITUAÇÃO PODE DETERMINAR UM FUTURO DE VITÓRIA OU DE DERROTA...!

Encontramo-nos em Nm 13 e 14, texto que se destaca como o mais crítico da marcha dos israelistas pelo deserto, a caminho da Terra Prometida, Canaã.
Após a saída de Gósen, parte leste do delta do Nilo, no Egito, o povo conduzido por Moisés chega ao Monte Sinai, em jornada de pouco mais de dois meses. Ali acampado em tendas, o povo se aglomera, recebe os Dez Mandamentos, presencia a construção do Tabernáculo, e aguarda as ordens do Senhor. O livro de Números inicia com a determinação do Senhor, já no segundo ano após a saída do Egito, para que Moisés levante o censo de toda a congregação dos filhos de Israel (Nm 1.2ss). Isso ocorreu no primeiro dia do segundo mês (1.2), mas em 10.11,12 ocorre a partida do deserto do Sinai, ao vigésimo dia do segundo mês, e depois de onze dias chegou o povo a Cades-Barnéia, no deserto de Parã. Estava o povo a pouco mais duas semanas de viagem para ter acesso a Canaã. Ocorre que ali, acampado, Israel  aguarda  quarenta dias pelo retorno de doze espias (13. 1-20), que foram enviados à  Canaã e que deveriam contar à congregação reunida o que haviam visto e presenciado. O texto que se segue (13.21-14.38) nos apresenta um único cenário, mas visto  por dois diferentes  e opostos olhares, com base nos relatos dos doze espias, divididos em dois grupos, um com dez e outro, com dois espias:
O PRIMEIRO OLHAR: A terra é boa (13.27,30). Eia, subamos, e possuamos a terra, porque certamente prevaleceremos contra ela.
O SEGUNDO OLHAR: Na terra boa habita um povo gigante e temido (13.28,29).
Um olhar se revela com a sensação de vitória, porquanto a terra é boa e se deve conquistá-la.
O outro olhar se mostra com a sensação de derrota, porquanto é impossível conquistar a terra, já que o povo que lá habita é poderoso e invencível.
O OLHAR DA DERROTA: a atitude dos dez espias se concentra não nas possibilidades boas de confrontação, uma vez que era promessa do Senhor e a vitória era certa, mas na negação de suas forças, posto que a derrota é vista como algo concreto.
O que esse tipo de olhar evidencia?
1) a incapacidade de prosseguir: 13v.31: “Não poderemos...”
2) os defeitos e os problemas: v. 32: “(...) infamaram a terra ...”
3) as dificuldades: v.33: “(...) éramos (...) como gafanhotos...”
SIGNIFICADO E CONSEQUÊNCIAS DO OLHAR DE DERROTA: pessimismo generalizado, desânimo, incredulidade, revolta e castigo, morte (14.1,2).
O OLHAR DA VITÓRIA: a atitude de dois espias (Josué e Calebe) se concentra nas reais e boas perspectivas do confronto, posto que era promessa do Senhor que levaria o povo a derrotar seus inimigos e conquistar a Terra Prometida.
O que esse tipo de olhar evidencia?
1) a capacidade superior do ambiente: (14.7): afirmam ressaltando o que era bom na terra.
2) a crença nas promessas de Deus: (14.8,9): Não se minimizam as dificuldades, mas se ressalta a vitória como Vontade de Deus.
SIGNIFICADO  E  CONSEQUÊNCIAS DO OLHAR  DE VITÓRIA: fé e otimismo, ânimo para prosseguir, credulidade, bênção e aliança com Deus, vida (14.30b; 38).
Aprendemos, então, que:
1) a derrota pode ser fruto de uma atitude negativa e incrédula ( 14.11)
2) a derrota é, também, fruto da desobediência (14.22,23)
3) somos o que somos graças ao que vemos e deixamos de ver, ou seja, grande é a influência do Olhar quanto às derrotas e vitórias em nossa trajetória de vida.
Como entre o povo prevaleceu o olhar da derrota, o Senhor retardou a bênção que era imediata, posto que ali estava Israel a, apenas, um pouco mais duas semanas de viagem para Canaã, e fez o povo peregrinar, no deserto, por quarenta anos. Quanto teve o povo que chorar, murmurar e se entristecer por todos os anos que se seguiram, até que todos os daquela geração de homens morressem, exceto os dois que tiveram o olhar de vitória, Calebe e Josué? 
Analisando mais o significado de derrota e a vitória:
A derrota se expressa na vida de muitos em atitudes de perplexidade, por meio de lágrimas amargas, com rostos fechados, olhares perdidos e tristes. Quem experimenta e exibe a face  da derrota mostra como ela é: cruel, cinzenta, sem retoques, sem piedade. Sendo dramática, trágica e, geralmente, insuportável, a derrota supera a vitória em intensidade, força e poder de transformação.
Nenhum grito de guerra festivo, nenhuma vibração de alegria, nem o som ensurdecedor dos gritos da vitória são mais fortes e poderosos do que o silêncio de quem se ajoelha em prantos na solidão pela perda e derrota, que traz mudez e desamparo, como que em um velório. Se examinada com mais propriedade, percebe-se que a derrota parece ter relação íntima com a morte. A derrota simboliza o fim do sonho, a perda. É obvio que ninguém quer ser derrotado, todos querem ser vitoriosos. Vivemos em um mundo de pós-modernidade, em que o sucesso é admirado, e cada vez mais buscado por todos, portanto, ninguém quer ser perdedor. Mas nesses e noutros casos, restam as lições. O que se deve fazer é tirar delas tudo o que pode ser aproveitado como ensinamento; então, importa planejar a aplicação do aprendizado obtido com a experiência vivida. É preciso crer que a derrota de hoje pode levar à vitória de amanhã. Precisamos mudar a visão..! E assim olhar o futuro e ver a vitória. Ela nasce como um desejo, às vezes, até fugidio, mas que logo se converte em certeza, e aí pode e vai acontecer. É preciso, então, ter esperança! E o que alimenta a esperança é crer que existem oportunidades de superar, dar a volta por cima. Isto se aplica a pessoas, grupos, empresas, e  povos, como foi com Israel. Em casos assim, a derrota funciona como combustível para as conquistas futuras. Creia nisto, mas antes, mude sua perspectiva, torne-se um vencedor, uma vencedora... mude sua visão, mude seu olhar! Não mais a ênfase na limitação e na impossibilidade, mas na oportunidade de superar e transpor obstáculos, transformando crises em oportunidades de vitória. (Reflexão com base em sermão proferido na Comunidade, por este pastor, no culto de domingo 28/11/2010).

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