COANDO MOSQUITO, MAS ENGOLINDO CAMELO.

O capítulo 23 do Evangelho de Mateus descreve Jesus fazendo uma crítica geral aos escribas e fariseus, como hipócritas líderes religiosos e que é seguida por sete ais que denunciam tanto algumas doutrinas quanto as práticas das autoridades daquela época. Pode-se ver Jesus denunciando a hipocrisia dos religiosos que pregavam a Lei, afirmavam-se no formalismo legal, preocupando-se muito com detalhes, mas esquecendo ou negligenciando aquilo que é realmente importante. Precisamos estar vigilantes para evitar religiosos e líderes como aqueles. Mas hoje não pretendo abordar a questão isolada da hipocrisia de alguns religiosos, desejo sim expor a idéia central que levou Jesus a afirmar que há pessoas que “coam mosquito, mas engolem camelo”. No Caminho com Cristo precisamos analisar tudo com os “Olhos do Mestre”. O versículo 24 expõe a parábola do mosquito e do camelo. O que sabemos sobre eles é que tanto um quanto o outro são considerados impuros pela Bíblia, segundo o livro de Números. E os judeus coavam vinho, água e azeite com pedaços de linho (ou gazes) para evitar que, sem querer, engolissem algum inseto impuro e assim transgredissem a Lei. Eles tinham esses e tantos outros cuidados pequenos e negligenciam outros, de maior importância. Muitos são os que – nos dias atuais – preocupam-se em coar água, ou leite, por exemplo, para não engolir mosquito ou qualquer impureza, assim como são tantos os que lavam arroz e catam feijão, igualmente, para evitar comer insetos diversos, pequenas pedras e qualquer outro corpo estranho. Isto é bom e válido. Realmente deve-se fazer isso, pois é higienicamente correto. Mas na hora da refeição – onde esses alimentos são ingeridos e compartilhados na mesa com a família – o que se vê, muitas vezes, é um clima de animosidade, de contendas, pessoas que não se falam, não oram mais, não estão mais em comunhão, não se respeitam. E aí bem se aplica a parábola: coam mosquito, mas engolem camelo. Muitas são as pessoas zelosas com o cumprimento de mandamentos bíblicos, a regular freqüência à igreja, são até dizimistas fiéis, mas negligenciam a boa convivência, o sorriso, a gentileza, a boa educação, a honestidade, a ética e a piedade. Muitos são os obedientes e cumpridores da Lei, mas carregam em seus corações, sentimentos de mágoa, ódio até. Jo 18.28 descreve uma cena de um profundo significado e verdadeiro exemplo para o ensinamento de Jesus. Descreve exatamente o momento em que era véspera da páscoa judaica e os sacerdotes que levavam Jesus da casa de Caifás para a audiência com Pilatos se negaram a entrar no recinto da audiência para não se contaminarem e assim serem privados da ceia da páscoa. Mas a intenção de seus corações era a de matar Jesus pelas mãos dos romanos!. Pessoas assim coam mosquitos e engolem camelos! Pessoas assim são muito preocupadas com detalhes e negligentes quanto às questões de importância. Na Índia há um provérbio que fala em engolir elefantes e engasgar-se com uma pulga. Quer engolindo elefantes ou camelos, este mau hábito pode ser visto de muitos modos. Há muitos que são zelosos com a etiqueta social e relapsos com gentilezas e generosidade. Muitos são os que na igreja observam minuciosamente o ritual, mas negligenciam o espírito de adoração, lutariam tenazmente contra qualquer tentativa de quebra de padrões e doutrinas, mas não têm fé viva. Tais pessoas enquanto engolem camelos, cuidam de coar mosquitos nos copos dos outros. Uma vida cristã consistente (alicerçada na ética e na verdade, em atitudes generosas, boa vontade de servir e humildade) vale mais que a freqüência aos cultos. Mas é claro que devemos freqüentar a igreja, porém é preciso conciliar os grandes e os pequenos deveres. O versículo 25 fala de limpeza do exterior do copo e do prato, quando o interior está cheio de rapina e de iniqüidade. Por fora tudo limpo, por dentro sujeira e imundície. De igual forma, no versículo 27 Jesus compara os religiosos hipócritas aos sepulcros caiados, que por estarem pintados, por fora se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e toda a imundície! Em Cristo, importante é o interior. E o interior do crente em Deus deve estar purificado e na plenitude de ações de amor, piedade e perdão. Finalmente, vejamos mais exemplos dentre tantos que coam mosquitos, mas engolem camelos: Um traficante, um contrabandista, um político corrupto, ou um aliciador de menores, qualquer um destes, enfim, memo sendo homem de oração, não pode ser considerado piedoso e moral. Um rico empresário que obtenha seu dinheiro por fraude e enganos, porém entrega o dízimo de tudo o que ganha, obedecendo Ml 3.10 jamais será um homem moral, não podendo receber a aprovação do Senhor. Alguém que freqüente regularmente uma igreja evangélica, mas que seja maldoso e egoísta, não tem parte com Deus. Saibamos, portanto, todos nós: coamos mosquito e engolimos camelo toda vez que damos realce às coisas secundárias (apenas por obediência legal) e negligenciamos os valores essenciais. E não esqueçamos: Deus é amor e se nos fez a Sua imagem e semelhança, tudo se deve fazer para que essa essência do Pai se manifeste em nós de forma plena. O que o Senhor espera de cada um de nós é que em nossos relacionamentos sejamos mais solidários e dadivosos, como os verdadeiramente convertidos fazem. A verdadeira conversão expressa isso, manifestando-se na transformação de uma vida que antes dava importância a tanta coisa que não é essencial para Deus e que agora aprendeu com o Mestre a praticar o amor, sendo mais servo, mais amigo, mais irmão. Cuidado: muitos são os que continuam teimosamente ensinando ou sendo ensinados que o importante é obedecer a Lei e tudo o mais estará aprovado por Deus. Não sejamos hipócritas como os religiosos condenados por Jesus que se preocupavam com a aparência e com o exterior, no formalismo legal, mas que conservavam sujeiras e impurezas em seu interior, presos em suas presunções e arraigado egoísmo, incapazes de amar. Pessoas que hoje se apresentam assim precisam compreender a essência dos ensinos de Cristo, tão bem sintetizados pelo apóstolo Paulo: “Não devam nada a ninguém, a não ser o amor de uns pelos outros, pois aquele que ama seu próximo tem cumprido a Lei. Pois estes mandamentos: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não cobiçarás e qualquer outro mandamento, todos se resumem neste preceito: Ame o seu próximo como a si mesmo. O amor não pratica o mal contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento da Lei.” (Rm 13.8-10). (Síntese da mensagem deste pastor levada à Comunidade no culto de domingo dia 09/08/2009)

Comentários

Anônimo disse…
Vi esta frase em um livro que estou lendo (Na ponta dos pés - de Ana Cristina Vargas)e fiquei sem saber o significado. Agora eu entendi perfeitamente. Obrigada pela excelente explicação.
Anônimo disse…
Vi esta frase em um livro que estou lendo (Na ponta dos pés - de Ana Cristina Vargas)e fiquei sem saber o significado. Agora eu entendi perfeitamente. Obrigada pela excelente explicação.

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