A LÓGICA DA VITÓRIA NA CRUZ.

Lucas 23.26-49 nos descreve uma sucessão de cenas marcantes nas últimas horas da vida terrena de Jesus Cristo. Ele carregando a cruz se dirigiu para a colina do Gólgota e era seguido por algumas mulheres que lamentavam muito por Ele. Certamente muitos pensavam: coitadinho, só havia feito o bem e ali estava todo ferido e machucado a caminho da morte e morte de cruz, que desgraça!Todo o projeto de amor e paz que Ele havia tanto falado fracassara. Morto Ele, morria a esperança, morria tudo! É isto o que – todos pensavam ali – naquele momento. Não é sempre assim, até hoje, posto que a morte cessa todos os projetos, todos os sonhos da pessoa acabam com sua morte? Por outro lado, olhar para Jesus Cristo poderia significar que ali havia uma vítima indefesa de circunstâncias do ódio dos homens. Ou seja, ali estava um fracassado, um derrotado! Mas com o olhar da fé, Jesus é visto como vencedor, mesmo em meio à agonia da morte. Se houver luz para iluminar nosso olhar, veremos na crucificação de Jesus, a revelação da vitória plena:
1. VITÓRIA COM FUNDAMENTO NO AMOR
Jesus havia ensinado aos discípulos: “Amai a vossos inimigos.... e orai pelos que vos perseguem” (MT 5.44). Assim como ensinara, praticou, pois na cruz orou: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”.
Era comum falarem os condenados crucificados, mas geralmente suas palavras eram de lamento, maldições, gritos de dor, seguidos por pedidos de clemência ou imprecações contra Deus e os poderosos que os sentenciaram à morte de cruz. Jesus era inocente de todas as acusações, mas ali estava pedindo por misericórdia ao Pai. Não esqueçamos que os fariseus hipócritas tramaram contra Ele, os sumo sacerdotes torceram a forma da Lei para incriminá-Lo, Herodes O desprezou, Pilatos O tratou levianamente, entregando-O aos algozes, a multidão ensandecida gritava contra Ele. Esta era a realidade que se descortinava diante dos olhos e da memória recente de Jesus e que bem poderia justificar toda a indignação de um inocente. Mas Jesus não agiu segundo a lógica dos homens, que condena quem persegue, que se revolta contra a injustiça e a perseguição. A atitude de Jesus ao orar por seus algozes revela mais profundamente o amor de Deus. As pessoas, geralmente, quando sofrem injúria, pensam o pior de seus perseguidores. Jesus, diferentemente, no auge da dor procura desculpar seus inimigos. Deus em Sua perfeita justiça, leva em consideração a ignorância do pecador (At 3.17 e 1 Tm 1.13). Mas isso não isenta o homem da responsabilidade por suas ações. A oração de Jesus evidencia que seus inimigos eram culpados, mas ignorantes, precisavam de perdão.
2. VITÓRIA SOBRE A HUMILHAÇÃO
Jesus experimentou ali na cruz a indiferença, a zombaria, a humilhação. Na trajetória até o alto do Gólgota pode Jesus experimentar o ódio e o escárnio do povo que se ajuntava para acompanhar Sua dor e sofrimento. Zombaram de sua coroa de espinhos, mas, ali, ao final, dependurado, a cruz foi realmente o trono de Cristo. Ele se tornou o Rei dos homens, ao morrer por eles.
3. VITÓRIA COM FUNDAMENTO NA GRAÇA
Com Ele, no Gólgota, mais duas cruzes suspendiam dois malfeitores. Um zombava de Jesus, o outro repreendeu seu companheiro de infortúnio e se dirigiu a Jesus, reconhecendo-Lhe o Senhorio e clamando por um lugar no Seu Reino. A resposta de Cristo confirmava-lhe o perdão e prometia-lhe que, na morte, seria levado ao Paraíso, o estado em que as almas dos justos descansam em felicidade até a ressurreição. Este é o único caso registrado pela Bíblia de conversão à hora da morte, a fim de que ninguém perca a esperança na Graça de Deus, o favor imerecido. Durante toda a vida temos exemplos de liberação da misericórdia sobre cada um de nós, mas aqui, Cristo nos ensina que, mesmo à beira da morte, há vitória, pela graça, nEle que é Senhor de toda a Graça.
4. VITÓRIA COM FUNDAMENTO NO PODER
Em Sua morte na cruz, evidencia-se o Seu poder. O sol ficou encoberto (v.44) e o santuário ficou descoberto (v.45). Assim que expirou, por três horas tudo escureceu, trevas sobrenaturais cobriram toda a terra. Na mesma sequência, o véu do santuário foi rasgado, pelo meio. O véu à frente do Santo dos Santos representava a plenitude da presença de Deus, e se configurava como símbolo dos rituais que não permitia acesso direto a Deus. Ao morrer o Senhor, o véu do templo foi rasgado de modo sobrenatural, ensinando-nos a seguinte verdade: pela morte de Cristo, a Antiga Aliança, com seu sacerdócio e cerimônias, foi abolida, de forma que fica permitido aos que crêem o acesso direto à presença de Deus (Hb 10.19-22; 4.14-16).
5. VITÓRIA SOBRE A MORTE
A crucificação levava o condenado a morte terrível, por esgotamento, mas o grito final do Senhor revelou-nos a vida abundante. Na oração final: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (salmo 31, v.5 a), vemos que as Escrituras que foram o alimento de Jesus durante a vida, foram, também, o Seu consolo na morte. Diferentemente de muitos condenados, Jesus não gritava que era inocente. Tendo vivido em retidão e justiça, e dada a resposta aos juízes, deixou o resto nas mãos de Deus. Se Ele sem pecado algum, não protestou inocência, muito mais nós, que não estamos isentos de culpa? Afinal, seremos julgados, não por homens, mas por Deus. Naturalmente, em nossas vidas, desejamos dos homens justo julgamento, mas o que importa mesmo é estarmos de bem com Deus. Jesus não condenou seus perseguidores, tampouco os chamou injustos; antes, orou por eles. Jesus, então, a quem foi entregue todo o julgamento, não julgou seus algozes. Sabia que enquanto há vida, há esperança, e que Sua morte iria levá-los ao arrependimento. Ao deixarmos de julgar os que nos tratam injustamente, podemos levá-los a envergonhar-se até o arrependimento. A consagração definitiva de Sua vitória sobre a morte ocorreu no terceiro dia quando a Luz voltou a brilhar, pois havia ressuscitado dentre os mortos!

Por que é importante, espiritualmente, perdoar? Por que a lógica da vitória na cruz estabelece o perdão, a graça e a misericórdia como novo paradigma, ao contrário de ira, raiva, desejo de vingança e maldição, tão comuns entre os que não são de Deus?
Porque Ele, Jesus, deu o exemplo e nos perdoou. Porque sabemos que só o perdão pode eliminar todo o ressentimento e ódio. Porque perdoando o outro, aceitamos o novo paradigma para nós mesmos (Tg 2.13: porque o juízo é sem misericórdia para com aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o juízo). (Reflexão com base em sermão proferido na Comunidade, por este pastor, no culto de domingo 18/07/2010).

Comentários

Dinor Chagas disse…
Parabéns Evandro pela sua eloquência simplesmente inteligível e gostosa de se ler. Que o Senhor te bendiga sempre...

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