LUZ E TREVAS: O OLHAR DE JESUS PARA HOMENS QUE O TRAEM E O NEGAM.

Lucas 22.47-62 descreve dois cenários: o primeiro ocorre no Getsâmani quando Jesus é preso e o seguinte, na casa do sumo sacerdote, quando se inicia o processo de julgamento que O levará à crucificação e morte.
Três  pessoas se destacam: Jesus, aquele a quem Isaías (9.6,7) descrevera cerca de 700 anos antes de Seu nascimento, como Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz. Aquele que é Deus Filho, que reina em perfeita comunhão com Deus Pai e Deus Espírito Santo, que é Luz, que é Fiel e cuja Misericórdia dura para sempre. A segunda pessoa é Judas, um dos discípulos, o que trai o Mestre, de forma premeditada e covarde. Seu pecado foi a apostasia – a separação permanente de Cristo por malignidade de coração. Sua traição selou a apostasia e foi seguida de remorso sem proveito. A terceira pessoa é Pedro, também um dos discípulos, o que nega o Mestre, de forma impulsiva, mas igualmente covarde. Seu pecado foi o desvio – a alienação momentânea de Cristo. Sua traição expôs sua condição de fraqueza e o levou ao arrependimento piedoso que o aproximou, depois, ainda mais do Mestre.
I – A NEGAÇÃO E A TRAIÇÃO DE JUDAS (v.47-53).
# O primeiro cenário: Era o jardim do Getsâmani, Jesus se encontrava com os discípulos. Judas chega liderando um grupo de soldados romanos, policiais do templo, sacerdotes, membros do sinédrio e de alguns servos dos sacerdotes e, para identificar bem o Mestre, O beija na face. E aí Jesus fala: “Com um beijo, Judas, trais o Filho do Homem?
# A resistência dos apóstolos: vendo os discípulos que aquilo significava a prisão do Mestre, perguntam-Lhe algo que soa muito estranho, posto que totalmente contrário a tudo que lhes ensinara Jesus Cristo, o Príncipe da Paz! ”Senhor, feriremos à espada?”
# Sem esperar por resposta, o impulsivo Pedro fere o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha, com uma espada.
# Jesus, então, fala e repreende afirmando: “Basta!”.
# E na sequência, torna a fazer o bem, tocando na orelha do homem, e o curando.
# Jesus, então, se dirige aos principais dos sacerdotes e capitães do templo e anciãos: “ Saístes, como a um salteador, com espadas e varas”. Ou seja: “ ei, Sou por acaso um salteador a quem devem buscar com espadas e varas?” E fala mais.
# E destaca que chegou a hora das trevas: “Todos os dias eu estive com vocês no templo e não levantaram a mão contra mim. Mas esta é a hora de vocês, quando as trevas reinam” (v.53); outra versão: “ ...esta é a vossa hora e o poder das trevas”. Jesus estava consciente de que era Luz e que os que se opõem a Ele eram trevas. Aquele era o momento das trevas, mas depois, com Sua ressurreição a Luz retornaria e Sua vitória seria completa e permanente.
II – A NEGAÇÃO DE PEDRO (v.54-62)
# O segundo cenário: Era a casa do sumo sacerdote, no meio do pátio, onde se encontravam alguns reunidos em volta de uma fogueira. Pedro estava ali, mas meio assustado, ora assentava-se com eles, ora inquieto andava pelo pátio, fingindo indiferença.
# Antes de chegar ali ao pátio (v.54), Pedro seguia o Mestre de longe. De longe não é a distância ideal para seguir ao Mestre. Tivesse Pedro corajosamente se posicionado ao lado de Jesus certamente Sua presença teria concedido forças para prosseguir e evitar o ataque do inimigo; afinal, estavam à procura do Mestre, não dos discípulos. Os provocadores nos atormentam até quando demonstramos irritação e desespero, quando não, deixam-nos em paz. A melhor maneira de seguir Cristo é bem de perto, nunca de longe. A melhor maneira de estar com Cristo é estar em comunhão com os irmãos de fé, em um alegre e maravilhoso relacionamento fraterno e solidário, como ensinamos aqui na Comunidade.
# O ato da negação: Na descrição desse cenário e dos fatos nos quatro Evangelhos, presenciamos Pedro ser zombado em três ocasiões. Ali no pátio foi Pedro, por seus temores, motivo de diversão e zombaria para todos os que se encontravam.
- a primeira negação: (v.56,57): a criada disse: Este também estava com ele. Mas Pedro nega: “Mulher, não o conheço”.
- a segunda negação (v.58): outro homem disse: Tu és também deles. Mas Pedro nega: “Homem, não sou”.
- a terceira negação (v.59,60): passado quase uma hora outro homem desconfia de seu sotaque e afirma: Também verdadeiramente estava com ele, pois também é galileu. Mas Pedro nega: “Homem, não sei o que dizes”.
Estava Pedro, ainda falando quando o galo cantou.
III – O OLHAR DE JESUS E SEU SIGNIFICADO
Neste momento, de dentro da casa do sumo sacerdote, mas por uma câmara que dava para o pátio, Jesus se vira e olha na direção de Pedro. Ele o vê – e apesar de sua situação prestes a passar por tudo que sabia que iria passar – e mostra que não se esquecera do apóstolo fraco. Seu olhar atingiu o coração e a consciência de Pedro.
Pedro chorou pelo impacto do olhar de Jesus e dali fugiu, desaparecendo na noite fria. Ali ia um homem de coração partido, ansioso por estar longe, querendo ficar a sós com sua consciência e seu amargo arrependimento. A tradição cristã diz que, a partir de então, Pedro não podia ouvir o galo cantar sem que caísse de joelhos e chorasse.
Mateus 27, 3-5 afirma que: ’ Então Judas que o traíra, vendo que fora condenado, trouxe arrependido, as trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos, dizendo: pequei, traindo o sangue inocente. Eles, porém, disseram: Que nos importa isso? Isso é contigo. E ele, atirando para o templo as moedas de prata, retirou-se e foi-se enforcar”.
Aqui está exposto que Judas se arrependeu. O que diferencia o arrependimento de Pedro do de Judas?
O arrependimento de Judas era remorso, que dói pela conseqüência do pecado.
O QUE PRECISAMOS APRENDER COM ESTE EPISÓDIO:
1) A força do homem não assegura vitória diante do confronto. Pedro foi sincero ao declarar que seguiria o Senhor até a morte. Ocorre que ele não tinha conhecimento de suas próprias fraquezas, confiava, como muitos, em suas forças. Tremendo e acovardado, ele não seguiu o Mestre, apenas o fez à distância, amedrontado. Acovardado, ele negou o Senhor. Aprendamos que os que os que confiam em suas próprias forças, fracassam; os vencedores são OS QUE CONFIAM NO SENHOR, e que assim como o monte de Sião, não se abala, mas permanece para sempre (Sl 125.1).
2) Diante do confronto devemos tomar posição firme por Cristo. Não dá para vacilar, é preciso estar firme com o Senhor. Diante de escarnecedores, devemos nos posicionar e deixar bem claro o que somos e quem o Senhor de nossas vidas. Não dá pra negar a Jesus.
3) Quem segue Jesus, precisa seguir de perto, nunca à distância. A firmeza é a melhor arma para o cristão enfrentar o mundo. É preciso dar bom testemunho... Somente assim se ganha o respeito de todos, mesmo de adversários. A melhor forma de seguir a Cristo é declarar-se corajosamente Seu discípulo.
4) O poder do mal - embora seja até mortal – está limitado. “ Esta, porém, é a vossa hora e o poder das trevas”. Estas palavras sugerem duas verdades: 1) há momentos em que Satanás e os homens podem perseguir Seu povo; 2) o tempo para isso é limitado e curto. A crucificação de Jesus parecia ao inimigo ser o golpe mortal contra Deus, mas a ressurreição tornou-se sua sentença de morte. Foi ali que o Filho de Deus esmagou a cabeça da serpente.
5) O olhar de Jesus, que a tudo sonda e perscruta, dirigido a Pedro, pode nos revelar três mensagens:
   - (1)  Ele presenciara as negações e a covardia de Pedro.
   - (2)  Ele estava triste com a negação.
   - (3)  Ele, mesmo assim, ainda amava a Pedro.
6) Diferenças entre arrependimento e remorso.: Pedro estava arrependido e isso interrompeu sua corrida para baixo, rumo ao abismo, como sucedera com Judas. Em Pedro havia arrependimento verdadeiro, e não remorso sem valor. O arrependimento conserva-nos na esperança; o remorso nos leva ao desespero. O arrependimento leva-nos de volta a Cristo; o remorso pode levar-nos para longe dEle. O arrependimento nos conduz à novidade de vida; o remorso nos leva a pecar mais profundamente.
7) O real significado de um espírito quebrantado na caminhada de fé:Desconfie de pessoas que se sentem muito bem com elogios, apenas porque fez o que era certo fazer, ou o que, alguém seu superior mandou que fizesse e bem feito fez. Muitos são os que fazem o que precisa ser feito, têm talentos, capacidade e formação profissional para tanto, mas falta-lhe quebrantamento de coração.
Depois disso, com o coração quebrantado Pedro nunca mais foi o mesmo; tornou-se um apóstolo corajoso e determinado, e não mais negaria Seu Mestre. Diz a tradição cristã que por ocasião de sua morte, ao saber que seria crucificado, não aceita, pois não se considerava digno de morrer como Jesus, e pede que lhe crucifiquem de cabeça para baixo. Verdadeiramente, foi Pedro um grande exemplo de discípulo de Cristo: falho, incompleto, pecador arrependido, e, acima de tudo, alguém que aprendeu com seus erros, sabendo-se perdoado pelo Senhor. Crendo ser amado de Deus, soube superar os obstáculos, propagar o Evangelho, viver com o coração quebrantado e morrer por Jesus Cristo! (Reflexão com base em sermão proferido na Comunidade por este pastor no culto de domingo 05/12/2010).

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