O JEITO DE SER DA IGREJA DE CRISTO: O CÍRCULO VIRTUOSO DA ADORAÇÃO, DA COMUNHÃO E DA FRUTIFICAÇÃO

A visão que o Senhor nos deu, com base em At 2.42-47;4.32 e Rm 2.7, para Sua Igreja, está voltada para a missio Dei: construir relacionamentos solidários e eternos. A partir da comunhão e do jeito de ser da igreja primitiva é possível construir a Igreja de Cristo. Segundo, ainda, a síntese legal (Mt 22.36-40) a verdadeira Igreja do Senhor tem um jeito de ser:
I – SER IGREJA É ADORAR A DEUS E MANTER COMUNHÃO COM OS OUTROS
A necessidade de afeto, aproximação e toque é característica marcante do ser humano. O homem não pode se contentar  com sua individualidade, mas necessita da coletividade. A nossa individualidade não nos basta. Por natureza, não somos autônomos, independentes. Precisamos de outros, de amigos, de irmãos. Amar a Deus e amar ao próximo, marca em nós os ensinamentos de Cristo, como a essência de ser cristão. O termo bíblico grego koinonia sugere justamente isto, ou seja, ajuntamento, comunidade, aproximação de pessoas. Portanto, igreja (eklesia) tem este sentido em sua essência, o ajuntamento, a reunião, assembléia, a comunidade; o aspecto comunitário faz parte da sua razão de ser. Assim sendo, podemos afirmar que quando nos reunimos como igreja, estamos adorando a Deus, para firmar e reafirmar nossa aliança com Ele, para anunciar o amor, a graça salvadora de Cristo, e Sua paz que excede todo o entendimento, mas, também, para comungar, para estarmos juntos, para desenvolver amizades, para abraçar, para conversar, para rir e até chorar uns com os outros. Este é um dos propósitos da igreja de Cristo: pessoas se encontrando com pessoas, gente convivendo com gente. O entrelaçamento fraterno produz valor essencial à idéia de igreja, não é algo de menor importância, ou secundário, como talvez muitos possam pensar. A participação ativa no corpo de Cristo não é coisa colateral para o viver cristão, pois através do intenso convívio com os irmãos, somos enriquecidos espiritualmente, nos auxiliamos uns aos outros, nos enfrentamentos com as lutas da vida e em nossos conflitos espirituais. Se assim compreendemos, então devemos aceitar esta verdade indo além da mera assimilação de um conceito, indo além da simples compreensão cognitiva. Se compreendermos o imenso valor da comunhão com os irmãos na igreja, então deveremos transformar isto em prática em nossas vidas. Ou seja, mais do que assistir aos cultos, que participemos dos cultos; mais do que a nossa presença esporádica em alguns domingos, que vivamos em intensa comunhão com os irmãos; mais do que uma participação periférica na vida eclesiástica, que busquemos viver em profunda e contínua comunhão com o corpo de Cristo.
II – SER IGREJA É PROCLAMAR O EVANGELHO E FRUTIFICAR
Fomos escolhidos por Deus para uma missão e um propósito especial: ir e dar fruto. O ir e o dar fruto implica executar ações que expressem a tradução, em atitude, do amor. Ou seja, é uma forma de operacionalizar o amor dando-lhe concretude e visibilidade. Um forma de operacionalizar isso se dá quando surgem oportunidades para compartilhar com os outros o evangelho de Jesus, e, assim, vivê-lo. Esse tem sido o nosso foco desde o primeiro dia da Comunidade, já há quase cinco anos. No contexto do Sl 1. 3 tal como uma árvore que produz fruto,  ligados à árvores, ao seu tronco, estamos enraizados nEle e aí temos vida abundante (Jo 15.1-5), especialmente no que diz respeito à qualidade de vida, que nos possibilita impactar e abençoar outras vidas – tanto de irmãos, quanto de pessoas que precisam conhecer a Jesus - pois, como diz o salmista, somos como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto (...). E fruto que permanece! Essa é uma característica fundamental – sua a permanência! (...) e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido (Sl 1.3). Essa é a promessa de que seremos bem sucedidos na missão de frutificarmos, ou seja, alcançarmos outros para Jesus!
III – SER IGREJA, ENFIM, É CONSTRUIR RELACIONAMENTOS SOLIDÁRIOS E ETERNOS
A Comunidade nasceu com um jeito novo de ser Igreja. Nascemos para adorar ao Senhor, vivermos em comunhão e frutificarmos, mas de forma integrada e diferente. Em cumprimento a este propósito: não aceitamos, nem defendemos:
- grandes templos e catedrais.
- a teologia da prosperidade e a barganha com Deus.
- o legalismo das denominações tradicionais.
- os costumes, apenas aplicáceis às culturas da época.
- posições liberais, que relativizam o serviço à Deus.
- a forma como é “cobrado” o dízimo, fundamentado na barganha que gera expectativa de que a fidelidade do dizimista constrangerá Deus a resolver seus problemas pessoais.
- que o “mundo” é mau e que a igreja é o único local onde crentes possam se proteger de sua influência.
- o "show"midiático e a espetacularização que parte da igreja abraçou.
O que aceitamos e defendemos, bíblicamente embasados:
- pequenas comunidades, que geram acolhimento, integração e inclusão.
- que a igreja é o “lócus de treinamento” para que o fiel exercite seu cristianismo na vida cotidiana.
- o jeito acolhedor, altruista, empático e verdadeiro da igreja primitiva, que praticava o cristianismo puro e simples.
Aprendemos a amar os apóstolos e seus ensinamentos. Aprendemos a amar todo o Antigo Testamento e a lei do Senhor. Mas, na Comunidade, nosso olhar é sempre para Jesus. Nele subsistem todas as coisas como essência do Pai. Chamam-nos a atenção o jeito de ser e viver de Jesus, igualmente aos seus ensinamentos.  Quais as atitudes de Jesus que mais chamam atenção em todo o Evangelho? O olhar para Zaqueu - o desprezado e execrado publicano - e a declaração de que iria estar em sua casa. A ordem a Mateus, outro cobrador de impostos, para que largasse seu emprego e o seguisse. O jeito de tratar Madalena e a forma como aceitou que uma pecadora estivesse aos seus pés, tocasse-0, lavando com suas lágrimas e enxugando-O. A conversa de acolhimento que teve com a samaritana, no poço; além da descrição da parábola do bom samaritano em que enaltece as qualidades de um representante do povo inimigo de Israel e condena a indiferença de líderes religiosos de Seu povo, mas que excluíram da assistência ao homem assaltado, à beira da estrada. As curas de leprosos e até o toque no caixão (caso da ressurreição do filho da viúva de Naim), as sete curas realizadas em sinagogas, em pleno dia de sábado, totalmente contrárias às prescrições legais. Por que tudo isso? Por que Jesus nos deixou esses exemplos? Para que aprendamos com Seu jeito radical de ser. Para Jesus – e assim deve ser para Sua Igreja – a essência de tudo está no SER HUMANO; homens e mulheres são a razão de ser da Igreja, e de Sua mensagem. Ele, o Senhor, deseja Se relacionar com o homem em amor. Deus é Amor e este amor se revela no Filho (Jo 3.16). O homem, então,  deve identificar  Sua mensagem que está fundamentada nas relações humanas, posto que permanece e se solidifica na entrega ao outro, de forma incondicional, tal qual fez o Senhor Jesus na cruz do calvário. A essência de tudo é o amor e a graça, não a lei. A lei escraviza e não consegue trazer alegria, paz e libertação. O amor, sim, pois, em essência, produz graça e fé, que juntos trazem salvação. Amor é graça. E graça é força libertadora que aproxima os homens entre seus semelhantes e estes com Deus (Reflexão com base em sermão proferido na Comunidade, por este pastor, no culto de domingo 16/01/2011).

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