QUANDO VOCÊ ORA E PEDE ALGO A DEUS, PENSA NAS CONSEQUÊNCIAS?

Provérbios é considerado poético e sapiencial. Contém coleções de máximas, ditos e poemas que transmitem a antiga herança de sabedoria de Israel. Em sua maior parte não se refere a temas propriamente religiosos, mas às especificidades da existência humana, em sua dimensão pessoal ou coletiva, e familiar. Provérbios, como livro, considera, ainda, a sabedoria como um princípio essencialmente prático, fundamentado na observação, na experiência e no sentido comum para as múltiplas facetas da atividade humana. No capítulo 30 eis que são descritas algumas palavras de Agur, que é simplesmente identificado como filho de Jaque, de Massá, uma região não-israelita. Ele roga a Deus que lhe conceda duas coisas, antes que morra. Pensando sabiamente pede a Deus que:
I – O AFASTE DA FALSIDADE E DA MENTIRA (v.8a)
O verdadeiro discípulo de Cristo precisa da providência divina para ser resguardado da mentira e da falsidade, conquanto que tudo o que pense e fale esteja de acordo com a Palavra de Deus. O discípulo deve desejar a integridade e a verdadeira espiritualidade, livre de qualquer tipo de corrupção promovida pelos homens. Falsidade, em hebraico, é Shaw, vazio, mas também mentiras, destituídas da verdade divina. Falsidade é a qualidade do que é falso, não verdadeiro, enganoso, traiçoeiro, fingido, contrário à realidade, em que há mentira e dolo. Falso é tudo o que imita algo, ou que parece ser verdadeiro; é, ainda, o que age de modo desleal ou com traição; que não diz a verdade; que encerra traição ou deslealdade.
II – NÃO LHE DÊ NEM A POBREZA NEM A RIQUEZA. MAS DÊ O PÃO QUE FOR NECESSÁRIO (v.8b, c)
O verdadeiro discípulo de Cristo quer dinheiro suficiente para ter e desfrutar de uma vida próspera e saudável, mas não quer cair na armadilha que as riquezas trazem. O discípulo deve desejar estar em boa situação financeira, nem pobre nem rico, conquanto que isso promova mais a espiritualidade, sem o entorpecimento e a rigidez que acompanha a pobreza, nem as tentações que acompanham a riqueza. Precisamos de alimentos e suprimentos adequados para atendimento às nossas necessidades, “o pão de sua porção”, como diz o hebraico literalmente, e na tradução “ o pão nosso de cada dia, dá-nos hoje” (Mt 6.11).
O verdadeiro discípulo de Cristo usa de moderação em sua vida, porquanto não deseja as privações negativas da pobreza nem os excessos das riquezas. De igual forma, o apóstolo Paulo nos ensina que aprendeu a viver contente com o que possuía, na necessidade ou na abundância, conforme a vontade de Deus determinasse para cada período de sua vida (Fp 4.11-13: “Digo isso, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece”.
POR QUÊ?
III – PARA QUE SE RECEBER RIQUEZA, NÃO SE FARTE E NEGUE A DEUS (v.9a,b).
O homem rico e abastado, o que vive pleno de todas as coisas materiais, pode terminar negando sua necessidade de Deus, fazendo perguntas estúpidas: “Quem é o Senhor?”, como se fosse independente e não precisasse da graça ou ajuda de Deus. Mas não é assim que acontece. Vivemos todos em estado precário. Todos nós somos dependentes de Deus, até mesmo para as coisas simples do cotidiano. É certo que temos que trabalhar e planejar nossa vida para que não venhamos a depender de outros para conseguir o pão diário.
IV – PARA QUE SE FOR CONTEMPLADO COM A POBREZA, NÃO FURTE E PROFANE O NOME DO SENHOR (v. 9c,d).
O homem realmente pobre, que não dispõe do mínimo para se alimentar e viver, pode até terminar a vida como ladrão. Este é o perigo de uma vida desprovida de tudo, até de dignidade! Um ladrão é alguém que desonra Deus, pois Ele deseja que o homem trabalhe e supra suas próprias necessidades. Quem age desonestamente incorre em desprazer no juízo divino. Deus é justo e os que O amam e adoram precisam evitar coisas que vão contra Sua santidade, como a desonestidade, para não desobedecer a lei do Senhor (Ex 20.15: “Não furtarás”). Quanto discernimento e maturidade! Devemos buscar não as riquezas, que podem nos afastar de Deus; não podemos, por outro lado, contentarmo-nos com a pobreza que avilta e, igualmente, nos afasta de Deus, mas fortalecer a nossa fé que nos impulsiona mais para perto Dele. O nosso olhar, o nosso tesouro não pode estar totalmente focado nas riquezas materiais, “porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” (Mt 6.21). O que Jesus disse, realmente, é que nós podemos saber onde está o coração de uma pessoa observando onde ela ajunta suas riquezas: nas coisas terrenas ou nas celestiais. Vale lembrar que isso não condena o enriquecimento material, defendido como uma bênção divina em toda a Bíblia (Ec 5.19; 1Tm 6.17). Jesus estava apenas usando um recurso semítico de linguagem, comum na Bíblia, onde o lado natural era enfraquecido para enfatizar o lado espiritual. Por exemplo: “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna…” (Jo 6.27). Será que Jesus estava condenando o hábito de trabalhar pelo sustento material, ou Ele queria apenas dar importância ao ato de buscar as coisas de Deus?
Busquemos, urgentemente, discernimento para que tenhamos vida, e vida em abundância, no Senhor que nos ensina e admoesta sempre! É importante orar e pedir algo a Deus. Mas não basta pedir por pedir. É importante pensar nas consequências: se me for concedido o que peço, isto trará mais intimidade e comunhão com Deus e com meu próximo, ou poderá me afastar do convívio e da comunhão cristã? Pense e medite sobre isso! Peçamos, antes de tudo, sabedoria de Deus e aí, mesmo que venhamos a ser aquinhoados com muitas riquezas, não nos desviaremos dAquele que é “o caminho, a verdade e a vida”! (Jo 14.6a) (Reflexão com base em sermão proferido na Comunidade, por este pastor, no culto de domingo 15/05/2011).

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