O REI MORREU! VIVA O REI!

Ainda era adolescente quando assisti a um filme de época, em que um rei francês morria em seu leito no palácio. E me lembro de que algo me impactou. Certamente que havia choro e tristeza, mas  quase que de imediato eram cessados porque um arauto anunciava no salão principal do palácio, solenemente batendo um longo cajado no piso e falando em voz bem alta: “O rei morreu, viva o rei”. Demorou um pouco, mas logo entendi o que acontecera. Havia a triste notícia da morte do soberano, mas o trono não poderia permanecer vago, logo, o anúncio de que seu filho, o príncipe primogênito, o sucederia.Então, o rei havia morrido, mas que viva o rei que agora seria entronado!
O texto bíblico que nos ajuda a entender bem este assunto está em João 20.1-18 que cita Maria Madalena por ter ido no final da madrugada de domingo ao sepulcro onde Jesus fora sepultado.Maria, nascida em Magdala, uma aldeia galiléia, é citada em Lucas 8.2 como alguém de quem Jesus havia expulsado sete demônios e que passara a seguir o Mestre em Suas caminhadas.O cenário descrito pelo evangelista é de tristeza, pois o Messias, tão ansiosamente aguardado havia sido traído por um dos discípulos, entregue aos algozes, submetido a um arremedo de julgamento, sentenciado e morto por crucificação, enterrado, sendo este o amanhecer do terceiro dia, um domingo. O Rei dos reis havia morrido, e agora o que fazer? Sendo Ele o Rei, não mais haveria outro. Mas, agora eis que morreu e está sepultado...! Era a manhã do terceiro dia – domingo – e Maria e algumas outras mulheres foram (segundo acrescentam Mc 16.1,2; Lc 24.1-10), bem cedo, antes do nascer do sol, e eis que se vê que a pedra que fechava o sepulcro fora retirada, ao que logo se deduziu que alguém retirara o corpo sem vida do Senhor. Como sempre, iremos refletir sobre todo o episódio e extrair ensinamentos para nossas vidas.
Destaco no texto quatro tópicos para análise:
I – EM MOMENTOS RUINS, O DESESPERO NÃO PODE SER NECESSARIAMENTE FRUTO DA DERROTA:  Há momentos em que nossa mente nos impede de ver sinais de vitória de Deus em nossa volta. Ali, aquilo que representava a vitória de Deus sobre a morte, parecia a Maria Madalena, a derrota, pois o Messias havia morrido e Seu corpo desaparecera, sinal de que alguém o tinha levado. Às vezes, o desespero é fruto do pessimismo e do negativismo. Maria havia presenciado milagres, em sua própria vida, e na de tantas pessoas ao longo do tempo que seguira Cristo; ela vivera os últimos meses tendo inúmeras evidências de vitórias, mas mostrava que não possuía a atitude mental própria para interpretar os fatos com a ótica adequada e correta.O que o texto bíblico descreve é que Maria Madalena viu a pedra de entrada do sepulcro removida, mas não entrou para confirmar suas suspeitas; caso tivesse entrado o cenário lhe mostraria a ressurreição, não a subtração do corpo por alguém. A conclusão da mulher foi precipitada e embasada em pessimismo e descrença. A atitude de Maria nos mostra que lhe faltaram:
1)      Coragem para enfrentar os fatos frontalmente
2)      Otimismo e fé para interpretar os fatos e a realidade visível e invisível.
Quando não há coragem para enfrentar os fatos e quando faltam fé e atitude otimista para interpretar esses fatos, o que resta é desespero, descontrole e até choro. Diante do negativismo e do pessimismo de Maria faltou-lhe discernimento para analisar os fatos. Quando nos faltam calma e discernimento vem o desespero e aí confundimos as intervenções de Deus com as frágeis intervenções dos homens.
II – NO ENCONTRO COM CRISTO RESSURRETO, MUITOS SÃO OS QUE NÃO O RECONHECEM:Vemos que Maria Madalena não reconheceu Jesus, pois julgou ser o jardineiro. Por que não O reconheceu?
1)      Ela chorava (v.13,15): o desespero embaça a visão sobre Cristo.
2)      Ela esperava chegar ali e ver o corpo sem vida e deitado – pois ela e outras mulheres (Lc 24.1-12) foram para cobrir o corpo com especiarias aromáticas que haviam preparado. Essa atitude a impedia de ver Cristo vivo, ativo e presente.
Assim como Maria Madalena, muitos são os que hoje veem Jesus Cristo em uma foto, um crucifixo, um quadro, uma imagem esculpida por mãos humanas, mas não conseguem vê-LO vivo e atuante, pois Ele é o mesmo, ontem, hoje e será eternamente (Hb 13.8).
3)      Ela julgou, em seguida, que Cristo seria um jardineiro. O cenário era de tristeza e dor e naquela circunstância Maria não podia ver ao Senhor ressuscitado.
Cuidado! Não permitamos que a tragédia, a dor, a desilusão e o desespero nos impeçam de ver o poder de Deus, que vence a tudo e a todos, posto que é  vencedor até sobre a morte!
III – QUANDO RECONHECEMOS CRISTO RESSURRETO, A REALIDADE DA VITÓRIA NOS ALCANÇA:Somente quando cremos que Cristo ressuscitou e que vivo nos socorre em todo e qualquer momento, a vitória nos alcança e nos firma em Sua Palavra que nos acorda, pois assim como Maria ouvimos a voz dEle nos chamando. E é este chamado de Jesus – ao dizer seu nome, o meu nome- que nos ensina algumas verdades:
1.      Apenas sinais e evidências de vitória, sem que estejamos firmados na Palavra, não nos conduzem à vitória de Deus em nossas vidas.
2.      Nossa relação com o Senhor precisa ser pessoal e direta, não fragmentada, espaçada ou por intermediário, pois Sua Palavra nos atinge de modo pessoal.
3.      Deus continua chamando pelo nome a todo/a aquele/a que Lhe interessa ter um encontro pessoal, apesar da incredulidade e do desespero que embaça e obstrui a visão e a audição de quem assim procede.
IV- QUANDO CONHECEMOS A PALAVRA E TEMOS COMUNHÃO COM O SENHOR DA VIDA, HÁ ESPERANÇA E CERTEZA DE VITÓRIA, MESMO DIANTE DA MORTE:Quando conhecemos a Palavra, estamos e permanecemos diante de um novo conhecimento que liberta, que dá vida, posto que é a falta desse conhecimento que traz morte (“O meu povo perece por falta de conhecimento”, Oséas 4.6). A comunhão com Cristo vem do conhecimento da Palavra e do discernimento da verdade.Na parte final do encontro com aquela mulher, Jesus passa uma mensagem (v.17) de esperança, de ressurreição e de vitória. O conhecimento da Palavra e a comunhão com Cristo faz criar um vínculo e uma relação familiar com Ele, pois na mensagem a ser dita aos discípulos, Jesus pela primeira vez não os chama de servos, de discípulos, ou mesmo de amigos, mas de irmãos. Este é o nosso Deus, que é Pai, e que em Cristo Jesus nos transforma em filhos e filhas, posto que irmãos e irmãs do Filho amado!
Portanto, o Rei que havia morrido em corpo humano, na realidade não morreu! Para muitos, sim, mas para nós, Ele vive! Mas seja como for, se para muitos o rei morreu, para nós viva o Rei! (Reflexão com base em sermão proferido na Comunidade, por este pastor, no culto de domingo 23/09/2012).

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