À PROPÓSITO DOS LAMENTOS BÍBLICOS SOBRE AS INJUSTIÇAS E OS ABSURDOS DA VIDA
À medida que o autor de Eclesiastes olha em torno de si e de sua vida, examina os empreendimentos humanos e vê o
homem em uma corrida desenfreada atrás de uma coisa após outra, em uma luta
diária e incessante como se fosse possível dominar o mundo, desvendar seus
segredos, mudar suas estruturas fundamentais, romper os grilhões das limitações
humanas e ser senhor de seu destino.
O livro de Eclesiastes - que para muitos foi escrito por Salomão, mas outros julgam ser de outro autor, em época posterior à do rei hebreu - avalia o mundo e suas contradições. À partir da perspectiva de seu entendimento, o autor mede o homem e examina sua capacidade, descobrindo que a sabedoria humana, até mesmo a de um homem piedoso, tem limites. Essa sabedoria não consegue descobrir os propósitos de Deus nem a relevância da existência humana.
O livro de Eclesiastes - que para muitos foi escrito por Salomão, mas outros julgam ser de outro autor, em época posterior à do rei hebreu - avalia o mundo e suas contradições. À partir da perspectiva de seu entendimento, o autor mede o homem e examina sua capacidade, descobrindo que a sabedoria humana, até mesmo a de um homem piedoso, tem limites. Essa sabedoria não consegue descobrir os propósitos de Deus nem a relevância da existência humana.
Em especial, detenho-me no capítulo 4, em que o autor de
forma pessimista fala sobre as injustiças sociais e sobre os absurdos de uma
vida sem sentido, mas vejo que no capítulo 5, o autor destaca a necessidade de
dar sentido a essa vida, a partir da reverência e do temor devidos a Deus.
Vamos refletir por partes:
I - AS INJUSTIÇAS DA VIDA:
I - AS INJUSTIÇAS DA VIDA:
1) As lágrimas dos
oprimidos e a falta de consolo (4.1a):
- existem opressão e injustiça social ao nosso redor. Em
verdade, o Brasil é um dos países mais destacados em injustiça social,
corrupção aberta e solta, e impunidade. Você consegue vê-las? O que você pensa
a respeito? Qual sua posição sobre este tema?
2) O poder nas mãos
dos opressores e a falta de consolo (4.1b):
O poder está nas mãos de uma minoria que oprime a ampla
maioria da população. Os escândalos campeiam diariamente; em alguns casos há
julgamento e sentença, mas é branda em relação à natureza do delito (corrupção
e desmando de gestão) ou sequer é mais cobrada, por parte da população
desassistida, pela consciência nacional da certeza da impunidade. Como é que se
diz, mesmo? – “Tudo acaba em pizza!”
3) Felizes são os
mortos mais que os vivos, pois estes (em um mundo mau e sem sentido) ainda têm
que viver (4.2):
Neste desabafo, a triste constatação de que melhor situação é
a do morto, que nada mais pode ver ou fazer, que a de alguém ainda vivo, pois
vai continuar vivendo em meio à todas essas coisas de um mundo mau e sem
sentido!
4) Entretanto,
melhor do que ambos é aquele que ainda não nasceu, pois não viu o mal que se
faz debaixo do sol(4.3):
Que pessimismo, não? Estranha-se que tal afirmação esteja na
Bíblia, mas bem retrata o desabafo de um ancião diante das inutilidades e
futilidades da vida! Pense sobre isso!
II- OS ABSURDOS DA VIDA:
II- OS ABSURDOS DA VIDA:
Para o autor, todo o trabalho e toda a realização humana surgem da competição que existe entre as pessoas. E conclui que
isto também é “absurdo, é correr atrás
do vento” ( 4.4).
Recorrendo a Pv 6.6-11e a Pv 24.30-34 podemos complementar a
ideia do autor:
Pv 15.16:” é melhor
ter pouco com o temor de Deus do que grande riqueza com inquietação.”
Pv 15.17: “ é melhor
ter verduras na refeição onde há amor do que um boi gordo acompanhado de ódio”.
“Observe a formiga, preguiçoso,
reflita nos caminhos dela e seja sábio; ela não tem nem chefe, nem supervisor,
nem governante, e ainda assim armazena as suas provisões no verão e na época
da colheita ajunta o seu alimento. Até quando você vai ficar deitado
preguiçoso? Quando se levantará do seu sono? Tirando uma soneca, cochilando um
pouco, cruzando um pouco os braços para descansar, a sua pobreza o
surpreenderá como um assaltante, e a sua necessidade lhe sobreviverá como um
homem armado”.
”Passei pelo campo do preguiçoso, pela vinha do homem sem
juízo; havia espinheiros por toda parte, o chão estava coberto de ervas
daninhas e o muro de pedra estava em ruínas. Observei aquilo e fiquei pensando;
olhei e aprendi esta lição: Vou dormir um pouco, você diz. Vou cochilar um
momento; vou cruzar os braços e descansar um pouco, mas a pobreza lhe
sobrevirá como um assaltante, e a sua miséria como um homem armado”.
Ainda sobre os absurdos, cita o autor uma situação específica
sobre UM HOMEM SOLITÁRIO e a inutilidade de sua vida (4.8-12):
- Um
homem solitário – sem família, sem ninguém – trabalha sem parar, mas não se
satisfazia com sua riqueza.
- Por
isso melhor é ter companhia do que estar sozinho, melhor é serem dois, do que
um. O cordão de três dobras não se rompe com facilidade.
III – AS FUTILIDADES DO PODER (4.13-16):
- Melhor
é ser jovem pobre, mas sábio do que rei idoso e tolo, que já não aceita
repreensão.
- O
jovem pode até ter saído da prisão e chegado ao trono, ou ter nascido pobre no
país daquele rei, mas mesmo assim, o povo seguirá o jovem, o sucessor do rei.
- Mas
a geração seguinte – quando já for idoso – não ficou contente com o sucessor.
- Então
isso também não faz muito sentido, é correr atrás do vento.
IV – O TEMOR DEVIDO A DEUS (5. 1-7)
Apesar do pessimismo que permeia o livro, há espaço para referências à Deus. Daí os comentários de que devemos ser reverentes no santuário de Deus. E que é melhor ouvir o que Deus tem a dizer do que oferecer sacrifícios sem saber que estão
agindo mal. E continua o autor:
- Não
faça promessas que não possa cumprir. Fale pouco, não seja tolo.
- Se
fizer um voto cumpra-o sem demora; pois os tolos desagradam a Deus.
- É
melhor não fazer voto, do que fazer e não cumprir".
V – AS RIQUEZAS NÃO DÃO SENTIDO À VIDA (5. 8-20):
Quem ama o dinheiro jamais terá o
suficiente. Por isso, não pode ser verdade que riqueza proporcione sentido à
vida. Quem pensa assim, apenas dá sentido existencialista à vida. Ao final, o autor de Eclesiastes conclui
o que é óbvio, falta algo para dar o verdadeiro sentido à vida humana. E o que é?
Após todo um discurso sobre a inutilidade e a falta de sentido à existência
humana (uma visão pessimista extremada) o autor percebe que o que dá sentido à
vida é a presença de Deus. Somente Ele pode nos completar e assegurar a plenitude
de vida. Essa conclusão não pode ser fruto de algo próprio de religiosidade ou
misticismo, somente chega à mente e ao coração do homem quando surge pela
experiência pessoal, na busca e na convivência diária com o Eterno. (Reflexão com base em sermão proferido na
Comunidade, por este pastor, no culto de domingo 18/11/2012).
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