JESUS, O PRÍNCIPE DA PAZ , VEIO VEIO TRAZER DIVISÃO ÀS FAMÍLIAS?
Paulo afirma que a
“paz de Cristo excede a todo o entendimento humano”, mas quando lemos Mateus
10.34-35, vemos Jesus afirmar: “Não
penseis que vim trazer paz à terra. Não vim trazer paz, mas espada. Pois eu vim
trazer divisão entre o homem e seu pai, entre a filha e sua mãe, entre a nora e
sua sogra. Assim, os inimigos do homem serão os seus próprios familiares”. O que Jesus quis dizer com isso,
afinal?
Esta afirmação tem
provocado muita confusão no meio cristão. Ora, se Jesus, também, afirma que
bem-aventurados são os pacificadores, por que agora parece contradizer-Se
dizendo que Ele mesmo veio trazer discórdia em vez de paz? E o mais grave: esta discórdia teria
como cenário a família. Afinal, o que significa trazer espada e divisão na família? Aonde é que Ele queria chegar com
uma declaração como essa? Jesus estava, apenas, deixando Seus discípulos de sobreaviso. O fato de segui-lo provocaria
efeitos colaterais imediatos e momentâneos, que atingiriam inclusive seus
relacionamentos familiares. Porém este não seria o resultado
final. Jesus estava apenas revelando os
efeitos colaterais imediatos de Sua revolucionária mensagem. Naquela época, qualquer judeu que
se convertesse à fé cristã era considerado traidor, e por isso, era deserdado e
espoliado. Um pouco antes, Jesus havia dito: “Um irmão entregará à morte
outro irmão, e o pai ao filho; e os filhos se levantarão contra os pais, e os
matarão” (v.21). Em momento algum, Jesus estimulou
desavença na família. Por conta disso, com o propósito
de estimular Seus discípulos a se manterem fiéis naqueles tempos tempestuosos,
Jesus os conclamou a abrir mão de suas próprias vidas. “Quem
ama o pai ou a mãe mais do que a mim, não é digno de mim; quem ama o filho ou a
filha mais do que a mim, não é digno de mim. E quem não toma a sua cruz, e não
vem após mim, não é digno de mim. Quem achar a sua vida perdê-la-á, e quem
perder a sua vida por minha causa, achá-la-á” (v.37-39). Observe que tais desavenças
familiares seriam efeitos colaterais imediatos, e não os efeitos permanentes da
pregação do Evangelho. Haveria perdas, porém, não seriam
definitivas. Perde-se agora, para ganhar
depois. Portanto, a paz permanente pode
custar para nós um mal-entendido provisório. É claro que um familiar que ainda
não conheça o amor de Deus, poderá sentir-se desprezado por aquele que O recebeu. O marido quer ser a pessoa mais
importante da vida da esposa, e quando percebe agora que este lugar é
ocupado por Cristo, naturalmente se sente enciumado. O mesmo acontece na relação entre
pais e filhos. Mas, esta sensação tende a
diminuir à medida que o convertido passa a demonstrar o amor de Cristo em seus relacionamentos. Aos poucos, os pais vão
percebendo que seu filho, uma vez convertido a Cristo, tornou-se num filho
melhor. O marido ficou mais atencioso, a esposa mais carinhosa, os pais mais amorosos. E assim, paulatinamente, tudo vai se adequando, e a crise inicial cede à paz. Não se pode julgar um remédio
pelos seus efeitos colaterais. O importante é o resultado permanente. Ao ser questionado por Pedro por
haver deixado tudo para segui-lo, Jesus lhe respondeu: “Em
verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs,
ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou campos, por amor de mim e do
evangelho, que não receba cem vezes tanto, já no presente, em casas, irmãos,
irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições, e no mundo por vir a vida
eterna” (Marcos 10.29-30). Não se trata aqui de uma promessa
que só será cumprida na eternidade, mas “já no presente”. E para que desfrutemos desta paz, precisamos aprender a cultivá-la. Por exemplo: se a esposa se
converteu a Cristo, mas o marido não, isso poderá gerar uma crise inicial no
casamento. O marido talvez não compreenda o fato de que
agora Cristo é a pessoa central da vida de sua esposa. Como reverter isso? Não adianta argumentar, discutir,
ou mesmo brigar, tentando convencer o outro sobre o Evangelho. Deve-se, antes, ganhar pelo
procedimento, pelo testemunho, sem a necessidade de palavras. Este princípio pode ser aplicado
a qualquer relacionamento, e não apenas o conjugal. Nossas boas obras devem preceder
qualquer argumentação. Chegará o momento em que os
argumentos contrários cederão, e quem nos rebatia passará a pedir que lhe
exponhamos a razão de nosso procedimento. Se quisermos cultivar a paz em
nossos relacionamentos, precisamos deixar de sempre buscar ter razão. Na discussão acalorada, a melhor
saída é o silêncio. Importa, também, evitar questões
que produzem contendas. Busque a paz! Glória a Deus por isso ! (Reflexão com base em mensagem anunciada na Comunidade, por este pastor, no culto de domingo 15/11/2015).
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